05/03/2005

Carta interceptada

Barcelona amanheceu coberta de neve. É uma cena rara na cidade e, portanto, especial para os barceloneses e agregados. É muito bonito ver a cidade toda branquinha, uma paisagem um tanto bucólica. Mas na verdade eu ando de saco cheio desse frio!!

No caminho pro trabalho: um soco no estômago. Me deparo numa esquina com o corpo desnudo, rígido e imundo de uma ¨homeless¨ que deambula habitualmente pelas ruas do meu bairro (Gràcia). Parecia já ser cadáver, conclusão a que rapidamente cheguei dado o frio da noite passada.

De repente a vejo mexer, e ao mesmo tempo aproximaram-se algumas pessoas que tomaram a frente e telefonaram para os serviços de saúde competentes. Eu, ainda um pouco atordoada, segui com a minha pressa para o trabalho, como todos os dias.

E lá deixei aquela criatura tumbada, acompanhada pelos curiosos. O que terá sido dela? E se ela não morrer hoje, viverá muito mais na solidão, frio e indiferença das ruas?

Já estou melhor da gripe. Porém ando um pouco apática, sem energia e coragem para enfrentar os desafios e obstáculos do caminho. Tento recobrar o fôlego, mas não encontro o ar. Sei que chegará.

Quero fugir pra Marrakesh!

Comprei ingresso para o Cirque du Soleil. Um pouco de fantasia me fará bem!



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